GM e sindicato não saem do impasse

Valor Econômico

A General Motors (GM) e os metalúrgicos de São José dos Campos (SP) seguem sem encontrar consenso nas negociações sobre o futuro da fábrica na região.

Na sexta-feira, a direção da GM teve a quarta reunião com o sindicato local. Mas não conseguiu avançar nas discussões relacionadas à linha de produção de carros, ameaçada de fechamento. “Não aceitamos a lógica que ela (GM) está impondo nas negociações”, diz o presidente do sindicato, Antonio Ferreira de Barros, mais conhecido como Macapá, acrescentando que a empresa mantém a posição de demitir e fechar o setor.

O sindicato se mostra pouco disposto a negociar a flexibilização do trabalho, como quer a GM, para voltar a analisar investimentos no complexo industrial no Vale do Paraíba, cuja ocupação é de aproximadamente 7,5 mil empregados.

Sem detalhar a pauta das reuniões, Macapá disse que a GM chegou a apresentar 17 propostas de flexibilização. Ele afirmou que não entrou na discussão delas, já que, para o sindicato, a “lógica da negociação” consiste em, antes de tudo, evitar as demissões na fábrica.

Surge, assim, um impasse nas discussões: a GM diz que só volta a pensar em investimentos na fábrica se o sindicato negociar temas como jornadas mais flexíveis, banco de horas e menor grade salarial; e os sindicalistas querem garantias de que os empregos serão preservados antes de debater esses temas e acusam a montadora de tentar retirar direitos dos trabalhadores.

A GM, representada nas negociações por seu diretor de relações trabalhistas, Artur Bernardes, não comenta o assunto.

Como parte do acordo fechado no dia 4 de agosto para, temporariamente, evitar demissões, 925 trabalhadores da GM estão dispensados até 30 de novembro; outros 900 seguem na linha de montagem, que opera a ritmo reduzido – são 20 carros por hora, ou 3,2 mil unidades por mês. O setor, conhecido como MVA (Montagem de Veículos Automotores), produzia antes as minivans Zafira e Meriva, além do compacto Corsa, mas hoje fabrica apenas o sedã Classic.

A GM tem um programa de demissões voluntárias (PDV) na fábrica, ao qual já aderiram 77 empregados, segundo Macapá.

O sindicato insiste em alternativas já descartadas pela montadora, como concentrar a produção do Classic em São José – o modelo também é montado em São Caetano e Rosário, na Argentina -, ou nacionalizar na fábrica carros hoje importados, como o Sonic, que vem da Coreia. Outra proposta, também rechaçada pela GM, é retomar a produção de caminhões.

Nova reunião entre as partes está prevista para quinta-feira. Antes disso, os trabalhadores programam uma caravana a Brasília, na tentativa de serem recebidos pela presidente Dilma Rousseff na terça-feira. Nesse dia, porém, a presidente deve discursar em Nova York, na sede da ONU.

A GM tem dito que o esvaziamento da fábrica está diretamente ligado à falta de flexibilidade dos trabalhadores. A GM é a terceira marca no ranking dos carros mais vendidos no país, com 17,8% dos emplacamentos feitos até agosto.