Espanha: adesão massiva à greve na Educação

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A paralisação na Espanha na quinta-feira (9) – que contou com 72% dos trabalhadores de todos os níveis da educação pública e 25% dos trabalhadores do setor privado de ensino – foi considerada um “enorme êxito”, de acordo a Confederação Sindical das Comissões Obreiras (CC OO) e os sindicatos do setor da Educação FECCOO, FETE-UGT e STEs-i. A Plataforma em Defesa da Escola Pública promete novas mobilizações.

A iniciativa, convocada em mais de 30 cidades espanholas pela Plataforma em Defesa da Escola Pública, que reúne pais e sindicatos de alunos, professores e trabalhadores não docentes, foi o culminar de duas semanas de mobilizações contra as medidas de austeridade implementadas na área da Educação, que se traduziram em um corte de mais de 6.700 milhões de euros desde 2010, e contra a reforma educativa impulsionada pelo ministro da Educação da Espanha, José Ignacio Wert, que deverá ser aprovada esta sexta-feira (10) em conselho de ministros.

A comunidade educativa exige a restituição imediata dos cortes impostos no setor da Educação, a retirada do anteprojeto de lei da Lei Orgânica de Melhoria da Qualidade Educativa (Lomce) – que prevê, por exemplo, um menor envolvimento da comunidade educativa, a implementação de um sistema de ensino dual, que se vocaciona exclusivamente para responder às demandas do mercado de trabalho e avaliações estandardizadas no final de cada ciclo de ensino – e a demissão do ministro da Educação.

A jornada de luta terminará no final da tarde com manifestações em cidades de toda a Espanha contudo, em Murcia, Barcelona, assim como na Galiza e em Valencia, milhares de pessoas ocuparam as ruas logo pela manhã. Na manifestação de Barcelona participaram, segundo os sindicados, 100.000 pessoas, que foram rodeadas por um forte contingente de polícias de choque. Os manifestantes usaram camisas amarelas com as inscrições “SOS: Educação Pública e de Qualidade” ou “A Educação é o futuro” e os sindicatos ostentaram cartazes com lemas como “Pela coesão social. Nem Lomce nem cortes”.

Em Madrid, na madrugada da quinta-feira (9), centenas de pessoas fecharam-se nas faculdades das Universidades Complutense e Carlos II, bem como no Instituto de Educação Secundária Juan de la Cierva. À noite, foi realizada uma manifestação que percorreu as ruas, desde a Praça Neptuno até o Ministério da Educação.

As organizações que convocaram a greve advertem que continuarão a mobilizar a comunidade educativa caso o governo continue a impor “uma lei segregadora, elitista, centralista, privatizadora, que reduz a participação e que não valoriza a atividade docente”. Para o de semana (11 e 12 de maio) estão já agendadas marchas noturnas em diversas cidades.