Eletricitários protestam contra Cemig

Portal Minas Livre, Thaíne Belissa

Um grande bolo cheio de cifrões atraiu a atenção de quem passou pela Avenida Barbacena e pela Praça Sete, na tarde desta quarta-feira (23), no centro de Belo Horizonte (MG). Com a frase “Cemig distribui R$4,5 bilhões para os acionistas”, o bolo fez parte do protesto dos trabalhadores, no dia em que a estatal completa 61 anos. A manifestação é contra as péssimas condições de trabalho enfrentadas pelos eletricitários e por melhoria na qualidade do serviço prestado.

O coordenador geral do Sindicato dos Eletricitários, Jairo Nogueira Filho, lembra que o dia não é de comemoração para os trabalhadores. “Festa é só para a Cemig e para os acionistas que estão levando todo o dinheiro. Enquanto isso os trabalhadores estão sem acordo coletivo até hoje e a sociedade sofre com um serviço de má qualidade”, ressalta.

No ano passado, a Cemig registrou lucro de R$4, 3 bilhões e dividiu R$4,5 bilhões para os acionistas, valor acima do próprio lucro. O coordenador ainda destaca as tarifas cada vez mais altas pagas pelos consumidores, por causa do ICMS cobrado sobre a conta de luz em Minas, que é o maior do país.

A população assistiu atenta ao teatro que mostrou a disparidade entre o acionista rico e o consumidor que só vê a conta aumentar. A aposentada Glória Ribeiro, de 80 anos, parou para acompanhar o protesto e relatou ser mais uma vítima das altas contas de luz. “Dá uma tristeza na gente porque só ganho um salário. Minha conta vem alta demais e eu só ligo a luz onde eu estou. Pago mais de R$100 só para duas pessoas”, reclama.

Entre as principais reivindicações dos eletricitários está o resgate da empresa pública. “Nossa defesa é por uma Cemig pública, do povo mineiro para que a empresa volte a ter o padrão de qualidade que Minas estava acostumada”, ressalta Jairo. Os trabalhadores também cobram melhores condições de trabalho. Só este ano já foram quatro acidentes fatais, uma média de um a cada 45 dias. “A Cemig optou por precarizar o serviço porque assim fica mais barato para ela, mas quem paga é o trabalhador e os consumidores”, afirma.