Economia do Japão entra em recessão e pobreza aumenta
Diário Liberdade
Este é o segundo trimestre consecutivo que a economia japonesa apresenta queda, o que significa uma recessão na terceira maior economia do mundo. Entre julho e setembro, o PIB (Produto Interno Bruto) do Japão apresentou uma queda de 0,4% a uma taxa anual de 1,6%. A quebra do crescimento econômico japonês pode ser devido ao aumento de impostos sobre o consumo no começo do ano, de 5% para 8%. Para 2015, o governo planejava aumentar ainda mais esse imposto, para 10%, mas a recessão deve fazer com que o primeiro-ministro Shinzo Abe atrase seus planos.
Enquanto os impostos aumentam para o povo trabalhador japonês, críticos afirmam que o governo atual mantém uma política clara de proteção ao empresariado, deixando sua fortuna intocável.
Aumento da pobreza
O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão divulgou recentemente uma pesquisa que revela o aumento do número de pobres naquele país. Um em cada seis japoneses vive em situação de pobreza e especialistas afirmam que a tendência é piorar.
Das pessoas que vivem na pobreza no Japão, 80% são trabalhadores que recebem baixos salários, têm empregos temporários sem garantias e poucos benefícios. Seu salário serve apenas para que reponham as energias para ir no dia seguinte trabalhar novamente, para manter os lucros dos patrões.
Desde os anos 1990, com o avanço do neoliberalismo e os ataques mais profundos aos trabalhadores, as empresas adotam o regime de flexibilização das leis trabalhistas e empregos por tempo determinado, levando boa parte da classe trabalhadora à pobreza.
Em entrevista recente à BBC Brasil, Aya Abe, diretora do departamento de pesquisas empíricas do Instituto Nacional de Pesquisa da População e da Seguridade Social, disse que um terço da força de trabalho no Japão é composta por trabalhadores com contratos temporários.”Esses trabalhadores contratados ganham muito menos em comparação com os que tem emprego ‘permanente’ e isso é, sem dúvida, a principal causa de aumento da pobreza.”
Atualmente, o governo japonês estima que 1.700 pessoas não têm residência fixa, apenas na capital Tóquio. Isso mostra o ponto ao qual a situação econômica do país está chegando, ao levar os trabalhadores a morar na rua, pois a exploração de sua força de trabalho e empregos temporários faz com que não tenham dinheiro nem para pagar uma moradia digna.