Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the wordpress-seo domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/j8k63lr5fi95/public_html/wp-includes/functions.php on line 6114

Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the jetpack domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/j8k63lr5fi95/public_html/wp-includes/functions.php on line 6114
E querem impedir o povo trabalhador de se aposentar - Unidade Classista

E querem impedir o povo trabalhador de se aposentar

A atual conjuntura mundial e brasileira sinaliza que o regime do capital nada mais tem a apresentar como possibilidade de avanços civilizatórios. O que se anuncia não é outra coisa a não ser a barbárie. É justamente, nessa linha, que o avanço contra os direitos dos trabalhadores, em todo o mundo, se faz extremamente fundamental para ordem burguesa.

Por isso, nada de estranho que o governo Temer e seus ministros elaborem, em poucos meses de governo, um conjunto de ataques à classe trabalhadora.

O grande exemplo desse ataque é a PEC 241/55 que sintetiza, em um único projeto,  múltiplas investidas que caracterizam uma verdadeira reforma estrutural no país, congelando investimentos públicos por 20 anos, num conjunto de políticas que afetam áreas, como: saúde, educação, habitação, transportes etc. Seguindo a mesma lógica de intensificação do processo de privatizações e desmonte do Estado, até o monopólio de fabricação de dinheiro, por parte da Casa da Moeda, foi atacado por medida provisória.

Nesse cenário que conjuga ataques aos direitos trabalhistas e sociais, duramente garantidos na Constituição de 1988, o atual governo gera incertezas à classe trabalhadora e ao conjunto da população. Num quadro sombrio onde uma reforma política, já desenhada nos últimos momentos do governo Dilma, visa limitar a ação de partidos políticos, principalmente os da esquerda ideológica, busca-se resumir o cenário político institucional nacional a poucos partidos. Nesse novo desenho proposto, o objetivo é garantir o poder exclusivo da classe economicamente dominante, cujos partidos são hegemônicos no congresso federal.

O debate político se esvazia. A despolitização do campo político, substituindo o discurso de disputa de projetos de sociedade pelo discurso da gestão, se consolida a cada eleição.

As incertezas pairam no ar. A situação da classe trabalhadora agrava-se a cada dia, quando vários governos estaduais assumem o quadro de crise, alguns, inclusive, de calamidade, como forma de legitimar mais ataques a direitos históricos conquistados pelo movimento sindical.

Aproveitando de suas características de governo tampão, e pouco se importando para sua baixa popularidade, Temer e aliados aproveitam para intensificar, numa política de choque, o maior número de reformas possíveis, preparando, assim, o terreno para uma nova hegemonia neoliberal no país.

Nesse contexto, foi apresentada a reforma da previdência. Um claro ataque contra a classe trabalhadora brasileira.

Na proposta apresentada ao congresso, o governo Temer cria cada vez mais dificuldades para o uso da previdência pública, afastando o trabalhador de seu legítimo direito: a aposentadoria.

Regras cada vez mais complicadas, assim como difíceis de serem cumpridas, objetivam obrigar a população a adotar a previdência privada. Uma forma “suave” de privatizar a previdência.

Além de estipular uma idade mínima de aposentadoria, 65 anos, dificulta o acesso a integralidade de seus vencimentos. Os trabalhadores, diante disso, ficam obrigados a contribuir por 49 anos para ter acesso à soma total de seus vencimentos ao se aposentar.

Esse quadro, por si só, é uma violência contra o povo trabalhador brasileiro, mas os requintes de crueldade de um projeto de classe se evidenciam ainda mais quando problematizamos elementos dessa reforma.

Sob a justificativa de que a expectativa média de vida do brasileiro aumentou, se legitima a implantação de uma idade mínima de aposentadoria. Contudo, é preciso problematizar ainda mais esses números, pois, além das estatísticas, existem pessoas reais.

Ilustrando essa discussão com dados da cidade do Rio de Janeiro, lugar onde a expectativa média de vida aumentou para o entorno dos 75 anos, a realidade dos bairros se diferencia, o que reforça o caráter de classe desse projeto. Se em bairros como Gávea e Leblon a expectativa média de vida é de 80 anos, em bairros como Acari, Costa Barros não chega a 64 anos. Ou seja, a classe trabalhadora, detentora dos piores índices de expectativa de vida, moradora das áreas populares da cidade, e, em geral, que possui o cotidiano mais estafante, as condições de trabalho precarizadas e extenuantes não terá o direito de aposentadoria.

Para os que afirmam que a luta de classes é secundaria, ou que não existe mais, o governo golpista brasileiro lhes demonstra, de maneira sem maquiagem, que vivemos num mundo dividido em classes antagônicas, e o governo está finamente em sintonia com os interesses e as necessidades do regime do grande capital.

É preciso mais do que nunca a organização da classe trabalhadora; sua identificação enquanto classe é fundamental nesse momento da luta. Somente a classe trabalhadora poderá barrar a ofensiva da direita e construir a resistência aos ataques desferidos pela elite econômica capitalista. Torna-se cada vez mais urgente a necessária a rearticulação dos trabalhadores para os enfrentamentos dessa conjuntura.

Heitor Cesar Oliveira e Hiran Roedel

Membros do Comitê Central do PCB e
Militantes da célula dos professores (SEPE e SinPro) do Rio de Janeiro