Docentes são torturados e condenados à prisão no Bahrein por convocarem greve
Com tradução e edição do ANDES-SN
Dois ex-dirigentes da Associação de Professores do Bahrein (BTA – sigla em inglês) foram condenados à prisão no último domingo (21), após terem sido considerados culpados pela Corte de Apelação de, entre outras coisas, incitarem ódio ao governo. Mahdi ‘Issa Mahdi Abu Dheeb, presidente da BTA, foi sentenciado a cinco anos de encarceramento, enquanto Jalila Al-Salman, vice-presidente da associação, foi condenada a seis meses de prisão.
A sentença inicial, proferida por um tribunal militar no ano passado, era de dez anos e três anos, respectivamente, mas foi reduzida na Corte de Apelação. Ainda cabe recurso à Corte de Cassação do Bahrein.
Os professores foram detidos em 2011, depois de convocarem os docentes do país a participarem de uma greve em apoio à jornada de lutas que reivindicava reformas políticas e sociais no país. Eles foram acusados e condenados por prejudicar o processo educacional, usar a posição no sindicato para incitar ódio ao governo e tentar derrubar o regime com uso de força.
Após serem presos, Abu Dheeb já passou 18 meses na cadeia, enquanto al-Salman ficou encarcerada por quase seis meses, antes de ser solta sob fiança. Enquanto detidos, os docentes foram confinados à solitária, sofreram diversas formas de tortura e foram forçados a assinar suas “confissões”.
A Anistia Internacional considera Abu Dheeb um prisioneiro de consciência e irá garantir o mesmo status a al-Salman caso ela volte a ser presa. “Esse veredicto aumenta ainda mais a crescente lista de absurdos cometidos pelo sistema de justiça do Bahrein. Mahdi ‘Issa Mahdi Abu Dheeb é um prisioneiro de cosnciência que deve ser solto imediata e incondicionalmente e Jalila al-Salman não deve ser colocada atrás das barras. Essas sentenças precisam ser anuladas urgentemente”, disse Philip Luther, diretor do Programa da Anistia Internacional para o Oriente Médio e Norte da África.
“Tudo o que esses professores fizeram foi convocar uma greve, cumprindo com suas funções de líderes sindicais, exercitando seus direitos de liberdade de expressão e associação e isso certamente não é crime”, argumenta Luther. Os advogados irão recorrer da decisão à Corte de Cassação.
Após o veredito, a filha de Abu Dheeb, Maryam Abu Dheeb, disse à Anistia Internacional que tinha certeza que seu pai seria inocentado. Ela também postou a seguinte mensagem em na rede social Twitter: “As lágrimas de mamãe são de partir o coração… 563 dias foram difíceis… cinco anos é um pesadelo”.
A Anistia Internacional acredita que nenhum dos professores usou de ou incitou a violência e não tem conhecimento de que evidências que comprovem tais as acusações tenham sido apresentadas durante o julgamento.