Docentes de universidades públicas no Ceará iniciam greve

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Dentre as reivindicações, trabalhadores exigem

financiamento público e eleições diretas para reitorado

Os professores da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), em assembleia realizada no dia 7 de novembro, decidiram pela greve, que teve início na terça (12), às 12hs.

A greve, segundo o Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual Vale do Acaraú, seção sindical do Andes – Nacional, será mantida até que o governo estadual e a reitoria da instituição atendam as reivindicações dos docentes, lista de demandas que inclui financiamento para a universidade, assistência estudantil e eleição direta para reitor, diretor de centro e coordenado de curso, por meio de convocação de estatuinte para a UVA.

O SINDIUVA obedeceu ao artigo constitucional que determina que a greve seja comunicada aos membros da entidade patronal, no caso, a Reitoria da UVA e Secretaria de Ciência e Tecnologia (SECITECE), com antecedência de 48 horas.

Segundo a entidade, a greve se deu por ser o “último recurso” decorrente das excessivas tratativas das últimas gestões do sindicato para verem satisfeitas suas reivindicações. Em informe, o sindicato expressa que “foram quatro anos de tentativas frustradas, de busca de solução para a precária situação da universidade”, e que

“a greve resgata anseios dos docentes dessa instituição”, ressaltando também a mobilização das demais universidades estaduais do Ceará, cujas pautas em comum tratam da regulamentação do PCCV, do concurso público para professor efetivo e de pessoal técnico-administrativo, e do aumento do financiamento público.

O sindicato espera a adesão de mais trabalhadores docentes, estudantes e funcionários da UVA, a fim de fortalecer o movimento em exigência por melhor condição e qualidade do trabalho de ensino, pesquisa e extensão na instituição.

Saiba mais:

Universidades estaduais do Ceará estão em greve

andes.org.br

De acordo com reportagem publicada no jornal O Povo, mais de 45 mil estudantes, 2 mil professores, além dos técnicos-administrativos, estão em greve nos campi da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Universidade Regional do Cariri (Urca) e Universidade do Vale do Acaraú (UVA), que aderiu à paralisação na última quinta-feira (7). A pauta conjunta de reivindicações e as demandas específicas de cada instituição resultou na deflagração da greve geral, iniciada em setembro no campus de Itapipoca da Uece.

Os docentes reivindicam a realização de concurso para professores efetivos, a regulamentação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV), a equiparação dos salários de professores efetivos e substitutos, investimento na infraestrutura, concurso para servidores administrativos e assistência estudantil no interior. Segundo a reportagem do O Povo, o déficit de docentes efetivos nas três universidades chega a 800. Na Uece, de acordo com o professor Célio Coutinho, do Comando de Greve, o déficit seria de 295 docentes na instituição e 322 na Urca. Já o Sindiuva, Seção Sindical do ANDES-SN, afirmou ao jornal que a carência é de 185 professores efetivos.

Segundo a reportagem, Coutinho ressaltou que a produção de conhecimento tem prejuízos com a situação dos professores substitutos, que possuem sobrecarga de trabalho, vínculo mais frágil e pouco tempo para a realização de projetos mais duradouros, como pesquisa e extensão.

De acordo com O Povo, a presidente do Sindiuva, Silvia Helena de Lima, afirmou que, além das pautas gerais, a instituição sofre com a falta de uma sede própria, assim como de democracia dentro dos processos institucionais. Segundo ela, o viés de privatização dos institutos ligados à instituição, que taxam matrículas e cursos em diversos municípios cearenses e fora do Estado também preocupa, uma vez que não se sabe a aplicação desses recursos. A questão da assistência estudantil, com a ausência de equipamentos como residência e restaurante universitário, também impacta a UVA, pois muitos alunos são de outras cidades.

O presidente do Sindiurca, Seção Sindical do ANDES-SN, Thiago Chagas, afirmou ao jornal que os professores entenderam que as possibilidades de negociação com o governo do Estado foram esgotadas e, por isso, a necessidade da paralisação. Assim como a Uece, Thiago ressalta que nunca houve concurso para os servidores administrativos da Urca, que conta com muitos terceirizados. “Essa é uma luta de defesa da universidade pública, queremos o funcionamento pleno da universidade”, afirmou à reportagem. Thiago explicou que a perspectiva é de fortalecer e sustentar a greve, uma vez que não existe abertura para negociar.