Docentes da Uepb rejeitam proposta de reajuste fracionado e mantêm greve

andes.org.br

A Reitoria da Universidade Estadual da Paraíba (Uepb) apresentou, na manhã desta segunda-feira (6), uma proposta de reajuste de 3% nos salários dos professores da instituição de maio a outubro, e de 5,83% a partir de outubro. A proposta, submetida à apreciação da categoria em assembleia realizada ainda na manhã desta segunda, não foi aceita, e os docentes decidiram pela continuidade da greve até que a proposta apresentada por eles – de reajuste de 5,83% já a partir de maio, sem fracionamento – seja apreciada pelo Conselho Universitário (Consuni).

Na tarde desta segunda o Comando de Greve protocolou, junto à Reitoria da Uepb, um documento informando sobre a continuidade da greve e a não aceitação da proposta de reajuste fracionado, seguindo encaminhamento da assembleia geral. (Confira o documento aqui). “Apresentamos a proposta e vamos aguardar a decisão do Conselho Universitário, que deve se reunir na quarta-feira”, diz o professor Nelson Júnior, integrante do Comando de Greve da Aduepb-SSind.

“Inicialmente a nossa reivindicação era de 17,7%, a partir de abril, e caiu para 5,83%, o equivalente à inflação de 2012, a partir de maio. Depois de muita discussão o reitor fez essa proposta de reajuste fracionado, com possibilidade de pagar os 2,83% retroativos, se a universidade tivesse condições financeiras, em outubro. A categoria entendeu que aprovar a proposta com essas condicionantes seria um risco, e decidiu propor os 5,83% sem fracionamento, já a partir de maio”, explica Nelson Júnior. Uma nova assembleia geral da categoria deve ser convocada após a realização da reunião do Consuni.

Retomada das negociações

O 1º vice-presidente da Regional Nordeste II do ANDES-SN, Josevaldo Cunha, que vem acompanhando todo o processo desde o início da greve, destaca a retomada das negociações entre Reitoria e Comando de Greve, que estavam suspensas. “As negociações foram retomadas na última quinta-feira, dia 2 de maio e estavam suspensas porque a Reitoria, numa leitura equivocada em não tratar as questões da pauta dos docentes, suspendeu as negociações, numa atitude de total desrespeito com a categoria. Felizmente foi superado esse clima de intransigência e arbitrariedade por parte da Reitoria e do Governo do Estado e eles voltaram a negociar”, afirma Cunha.

Cunha também ressalta que as negociações vêm estabelecendo um cenário de que, resolvida a questão do reajuste, os outros pontos da pauta serão negociados numa agenda de médio a longo prazo, por meio da criação de comissões conjuntas compostas por representantes da universidade e da Aduepb-SSind. “Esses pontos seriam a questão da precarização das condições de trabalho, o excesso de carga horária, a infraestrutura e a recuperação dos espaços físicos da universidade, a regularização dos repasses anteriores destinados aos aposentados e a questão da própria autonomia universitária”, completa o diretor do ANDES-SN.

Avanços

Além da criação de comissões para acompanhar a implementação dos outros pontos da pauta da greve dos docentes, o professor Nelson Júnior também destaca outros avanços obtidos com o movimento, como a redução no valor da refeição do Restaurante Universitário, que custava 8 reais e passou para 4 reais, e a suspensão de uma comissão que atuava politicamente junto aos departamentos para que os professores com pesquisa e extensão, cuja carga horária era de 12 horas semanais de sala de aula, assumissem carga horária de 16 horas.

“Tivemos muitos avanços com esta greve, apesar da tentativa de setores da imprensa e da própria universidade de nos desqualificar. Fomos ganhando a sociedade para esse debate e hoje, passados quase 70 dias da greve, a sociedade compreende que existe um quadro de precarização na Uepb e que é necessário lutar para inverter e superar este quadro”, avalia Nelson.

O professor Nelson Júnior também destaca a importância da intervenção do ANDES-SN que, segundo ele, vem sendo fundamental no decorrer de todo o processo. “O ANDES-SN vem exercendo um papel importante neste processo. Foi determinante, por exemplo, a intervenção para que as negociações com a Reitoria fossem desbloqueadas e para que conseguíssemos avançar nas negociações até chegar aonde chegamos”, afirma Nelson Júnior.