Dilma esta fazendo o que FHC não conseguiu: entregando nosso petróleo
apn.org.br
Por Emanuel Cancella*
Dilma repete em seus discursos que país rico é país sem pobreza.
Na prática, não está erradicando a pobreza no país e sim as nossas riquezas.
Ao apagar das luzes de 2013 Dilma autorizou a venda de 35% do bloco Parque das Conchas, na Bacia de Campos, por US$1,6 bilhão. Esse campo produz 50 mil barris de petróleo por dia. Para se ter uma ideia essa produção é mais do que o consumo diário de países como Uruguai, Paraguai e Bolívia. Quem vai abocanhar 75% desse negocio é a Shell, dos ingleses e holandeses.
A negociata não surpreende. Na retrospectiva de 2013, a Revista Época já destacava a cumplicidade de olhares entre a presidente da Petrobrás Maria das Graças Foster e o representante da Shell, durante o leilão de Libra.
Dilma já superou de longe FHC. O ex-presidente tentou de todas as formas, mas não conseguiu privatizar a Petrobrás. Esbarrou na maior greve da história dos petroleiros, em maio de 1995, que paralisou o país por 32 dias. FHC teve que recorrer a artifícios para facilitar o desmonte da empresa. Dividiu a Petrobrás em Unidades de Negócios, com a intenção de vender a companhia aos pedaços. O máximo a que chegou foi repassar à iniciativa privada 30% da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Porto Alegre, fatia depois recomprada, no governo Lula.
Ao assumir como herdeira de Lula, em 2010, Dilma adotou o discurso que poderia distingui-la de Serra e garantir os votos para a conquista da presidência. Afirmou que “ leiloar o pré-sal era um crime e que o pré-sal representava o nosso passaporte para o futuro”. No entanto, seu governo está destruindo a Petrobrás e entregando a petrolíferas estrangeiras o nosso petróleo, indo muito além do que seu antecessor e suposto adversário político jamais sonhou.
Na gestão iniciada por Maria das Graças Foster à frente da Petrobrás, amiga pessoal de Dilma, foi criado o Plano de Desinvestimento, sob o argumento de que eram necessários recursos abundantes para investir no pré-sal. Anunciou-se, a princípio, que seriam vendidos ativos na área internacional. Mas o fato é que o governo Dilma está vendendo as melhores áreas do pré-sal! A começar pelo Campo de Libra.
O ‘Desinvestimento’ de Dilma&Foster é sem licitação. Os valores são decididos na surdina, a portas fechadas, entre banqueiros, megaempresários, testas de ferro e representantes das multinacionais do petróleo. Assim como a escolha dos compradores.
Dilma&Foster agem como se estivessem transacionando bens próprios e não o patrimônio nacional. Muitas vezes tomamos conhecimento da venda de ativos da Petrobrás em discretas colunas nos jornais. Foi o caso do Parque das Conchas, o filé mignon da Bacia de Campos.
O Brasil chegou à condição de grande produtor de petróleo, graças à luta do povo e ao empenho dos trabalhadores da Petrobrás, desde a campanha “O Petroleo é Nosso”, em 1940-50. O ouro negro poderia estar sendo utilizado para resolver os graves problemas sociais da nação brasileira. No entanto, o governo que prometia o novo, é apenas uma continuidade medíocre da velha política.
* Diretor do Sindicato dos Petroleiros do RJ e coordenador da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)