DIEESE E O BALANÇO DE GREVES DO 1º SEMESTRE DE 2021
Em estudo divulgado em setembro, o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) apresentou um importante balanço das greves realizadas no 1º semestre deste ano.
Deste levantamento, alguns dados centrais chamam a atenção: das 366 greves registradas, 69% partiram da esfera privada e tiveram maior duração de horas do que o setor público: 59%. No entanto, no geral, a maior parte das mobilizações (55%) não passou de um dia desde a sua deflagração.
A conjuntura de ofensiva burguesa e de difícil organização dos trabalhadores se expressa no caráter defensivo das greves: cerca de 92% tiveram como pauta a manutenção das condições vigentes de trabalho ou o descumprimento de direitos. Em relação às reivindicações, pouco mais de 28% das greves exigiam melhores condições de segurança no trabalho, com ênfase na questão sanitária devido à pandemia, pautando o fornecimento de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual), como luvas, álcool em gel e máscaras.
Das 80 greves registradas nos três níveis do funcionalismo público, os servidores municipais se destacam por deflagrar dois terços destas mobilizações, sendo a maioria vinculada aos trabalhadores da Educação. As principais reivindicações são por condições sanitárias e EPI’s (51%), reajuste salarial (25%) e pautas políticas (24%), geralmente voltadas à exigência de maiores investimentos para prestação de serviços públicos e contra reformas que o sucateiam, como a da Previdência e a administrativa. No caso dos trabalhadores das estatais, o caráter defensivo das greves teve como centralidade a luta contra o desmonte das empresas públicas e/ou processos de privatização já em andamento.
Na esfera privada, o setor de serviços teve predominância nas greves: 88% do total de mobilizações. Deste setor, a categoria que mais paralisou foi a dos trabalhadores dos transportes (principalmente rodoviários de transporte coletivo) e em seguida, trabalhadores que atuam em serviços gerais, limpeza e coleta de lixo (15%). Já na indústria, a maioria das greves foi organizada pelos metalúrgicos, representando 5% da esfera privada, e depois, os trabalhadores da construção que deflagraram 9 greves (4%). O teor também defensivo destas mobilizações (95%) abrangeu reivindicações como pagamento de vencimentos em atraso, alimentação, melhores condições de segurança sanitária e reajuste salarial.
Ainda segundo dados recentes da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua do IBGE, mesmo os empregos gerados no último trimestre – muitos sazonais, devido às festas de fim de anos – não foram acompanhados de um melhor rendimento, o que fez média salarial dos trabalhadores despencar para sua pior série histórica desde 2012.
O alto custo de vida, o rebaixado poder de compra da classe trabalhadora, o avanço da destruição das empresas e dos serviços públicos, além das péssimas condições sanitárias de trabalho diante de um retorno precipitado em nome do lucro impulsionaram diversas categorias à mobilização – em grande medida, os setores mais precarizados, como aqueles voltados à limpeza, que não tiveram a opção do isolamento social em meio ao pior momento da pandemia (março e abril deste ano). Este cenário também alavancou atos pelo país inteiro desde maio com grande adesão e que tiveram papel fundamental na pressão popular por vacinação frente às denúncias de corrupção nas compras de vacinas pelo governo Bolsonaro.
Para além do calendário eleitoral, a luta de classes exige a organização e a mobilização de trabalhadoras e trabalhadores para construir a greve geral, barrar os ataques da burguesia e avançarmos na construção de uma outra sociedade. Em 2022, a Unidade Classista seguirá na trincheira da classe trabalhadora, ombro-a-ombro nas suas lutas, no sentido do socialismo e da emancipação humana!
UNIDADE CLASSISTA, FUTURO SOCIALISTA!