Desemprego na Europa bate novo recorde: 25 milhões
O Estado de S. Paulo
O desemprego na zona do euro quebrou um novo recorde histórico no mês de agosto. Dados revelados ontem pelo Escritório Estatístico das Comunidades Europeias (Eurostat), de Bruxelas, indicam que 25 milhões de pessoas – ou 11,4% da população ativa – estão desempregadas na União Europeia. No agregado dos últimos 12 meses, o desemprego cresceu 1,2%. Para a União Europeia, os números apontam para um provável “desastre econômico e social”.
Os números revelados ontem comprovam o que institutos nacionais de estatísticas já vinham anunciando. De norte a sul, o desemprego vem aumentando mês após mês e pelo 16.º período consecutivo superou a barreira dos 10%. São 2,14 milhões a mais de trabalhadores sem postos na zona do euro em apenas um ano.
Dos 27 países-membros da União Europeia, 20 registraram aumento, 6 tiveram baixa – entre os quais Estônia, Lituânia e Letônia – e apenas o Reino Unido não sofreu alteração. Só na zona do euro, são 18,2 milhões de desempregados.
O caso mais grave continua sendo o da Espanha, onde 25,1% da população economicamente ativa está desempregada – ou 0,1% mais do que no mês de julho. Na Grécia, o índice chega a 24,4%, o segundo maior do bloco. Portugal completa o pódio negativo, com 15,9%.
Na outra ponta da tabela estão a Áustria, com 4,5%, Luxemburgo, com 5,2%, a Holanda, com 5,3%, e a Alemanha, com 5,5%, os países mais próximos do pleno emprego.
Em Bruxelas, a repercussão dos dados foi a pior possível. O porta-voz da comissão de Emprego da Comissão Europeia, Jonathan Todd, definiu como “inaceitável que 25 milhões de europeus estejam sem trabalho”.
Prognósticos
Tão grave quanto a situação atual são as projeções para o futuro. Enquanto os protestos se espalham pela Grécia, Espanha, Portugal, Itália e França, postos de trabalho seguem sendo fechados. Ontem, na França, a direção do grupo metalúrgico ArcelorMittal anunciou a decisão de encerrar parte das atividades da usina da empresa em Florange, no oeste da França. Segundo os sindicatos, 629 empregos – dos 2,5 mil da empresa – serão extintos.
A direção do grupo ofereceu ao ministro da Indústria, Arnaud Montebourg, 60 dias para encontrar um empresário interessado em assumir as atividades da empresa. A situação é tão delicada que o governo socialista de François Hollande é pressionado pela oposição de esquerda a nacionalizar a fábrica.
“Essa opção não está na ordem do dia”, afirmou Montebourg à rede pública de televisão France Télévision. “Cada vez que nacionalizamos, o Estado não foi um gestor muito bom”, argumentou, lembrando que o governo enfrenta ainda o déficit público.
Também na Grécia a situação tende a piorar. A prova disso foi o projeto de lei orçamentária para 2013 apresentado ontem pelo primeiro-ministro grego, Antonis Samaras. O texto da lei prevê a continuidade do programa de austeridade, com novos cortes de investimentos e de gastos – um total de € 11,5 bilhões.
Além disso, a proposta inclui o prognóstico de um sexto ano consecutivo de não crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Pelas previsões do governo, a economia grega vai recuar entre 3,8% a 4% do PIB em 2013. Desde 2008, a Grécia perdeu nada menos do que 25% da riqueza nacional. Mesmo assim, o governo grego não conseguiu ontem a aprovação dos inspetores da troica (Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu) para parte de seu plano de cortes.