Da Candelária à Cinelândia, o apoio aos professores do Rio em greve; forte repressão em São Paulo

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Foto:

Midia Ninja

A avenida Rio Branco e ruas do centro do Rio, entre a Candelária e a Cinelândia,

foram novamente palco de manifestações no Rio de janeiro. Tomadas por cerca de 10 mil profissionais de educação das redes municipal e estadual, em greve há mais de dois meses, e por trabalhadores de outras categorias e estudantes que foram prestar solidariedade a essa luta.

Em ritmo de “Coisinha do Pai”, os educadores entoavam em referência à secretária municipal da Educação, Claudia Costin:

“Ô Claudinha tão mentirosa do Paes

Você vale pouco mentindo na Globo

Sem noção mentiu na Band News

Tô na rua, tô lutando

Digo mais uma vez

Olha o estrago que “tu” fez!

Após a manifestação, os professores obtiveram uma importante vitória. Os governos de Sérgio Cabral e de Eduardo Paes, que vinham assediando a categoria com o corte de ponto, viram sua iniciativa ser anulada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, que suspendeu o corte de ponto.

A passeata ocorreu após assembleia dos profissionais de educação da rede municipal com cerca de cinco mil presentes onde foi aprovada a continuidade da greve por maioria da categoria.

Os professores da rede municipal não concordam com o plano de cargos e salários aprovado pela Câmara Municipal e sancionado pelo prefeito Eduardo Paes. Na sexta-feira (11), a Justiça do Rio já havia suspendido a sessão da Câmara que aprovou a proposta do plano. A liminar foi concedida pela juíza Roseli Nalin, de acordo com o Tribunal de Justiça (TJ), após pedido de nove vereadores, que contestaram a forma como a votação foi realizada, sem a presença de professores na plenária.

Na segunda-feira (14), a Procuradoria da Câmara Municipal do Rio recorreu da liminar. O Tribunal de Justiça deve julgar o recurso no próximo dia 21.

Cerca de 400 professores de ambas as redes também estão estão sendo alvo de processos administrativos.

Repressão

Após o encerramento da manifestação dos professores, novamente houve enfrentamento e forte repressão policial nas ruas do centro do Rio.

Pela tarde, um ônibus que levava profissionais de educação que tinham acabado de participar da assembleia da rede municipal foi interceptado pela PM. Após entrar no veículo, policiais militares agrediram o motorista.

Assista ao vídeo da manifestação (SEPE-RJ):

http://www.youtube.com/watch?v=U_EpOckBdOw

Manifestação realizada pelos estudantes na terça-feira (15) em São Paulo foi duramente reprimida pela policia

A passeata organizada pelos estudantes da USP e da Unicamp, que contou com a participação de cerca de 2 mil pessoas, exigia a democratização das universidades e eleição direta para reitor, além de apoiar a greve dos professores do Rio de Janeiro.

Saiu do largo da Batata com o objetivo de ir até o Palácio do Governo, mas a violência policial não permitiu.

Durante todo o percurso uma parte minoritária do grupo composta por Black Blocs tentava descaracterizar o movimento que seguia pacifico. Os manifestantes seguiram pela avenida Faria Lima, avenida Rebouças e já ali parte desse grupo tentou arrancar a faixa que abria a manifestação. Mesmo assim os estudantes continuaram seu percurso.

O ato chegou avenida Eusébio Matoso e tomou marginal Pinheiros, entretanto, o grupo de Black Blocs que estava à frente da manifestação começou a atirar objetos nos policiais. A partir daí o que se viu foi uma polícia despreparada e partindo para cima de todos os manifestantes com bombas e gás de pimenta.

Muitos foram encurralados num posto de gasolina que beirava a marginal. Mesmo os que estavam com as mãos para cima começaram a apanhar dos policiais. Cassetetes, bombas e gás de pimenta.

Outro grupo de manifestantes tentou se refugiar na loja Tok Stock ao lado do posto, mas a polícia entrou e também lá, com clientes dentro, jogaram bombas.

Muitas pessoas ficaram feridas e um grupo de apoio que prestava ajuda médica não foi poupado. A polícia os emparedou junto com outra dezenas de estudantes e levou preso ao menos dez naquele local. Outros foram abordados na rua detrás da marginal e também foram levados presos.

Os policiais seguraram os pertences dos estudantes, já acuados, e gritavam, os tratando como criminosos.

A manifestação dispersou e deixou a marca mais uma vez da repressão policial.