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CUT e Força se queixam de diálogo com Dilma - Unidade Classista

CUT e Força se queixam de diálogo com Dilma

O Estado de S. Paulo

A falta de diálogo fez azedar a lua de mel de dois anos da pre sidente Dilma Rousseff com o movimento sindical. A Cen tral Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, am bas da base de apoio ao gover no, prometem sair às ruas e en durecer o discurso contra o tratamento recebido pela ad ministração Dilma, que, segun do as duas maiores centrais sindicais do País, “até agora não levou em consideração a pauta de reivindicações da classe trabalhadora”.

Os sindicalistas estão revolta dos por não receberem da presi dente o mesmo tratamento da do aos empresários. “Para nós, a crise econômica internacional serve de desculpa para o gover no engavetar todas as propos tas”, argumenta Wagner Freitas, presidente da CUT. “Já para os empresários, serve para atender várias reivindicações.”

Os trabalhadores querem o fim do fator previdenciário, isen ção do Imposto de Renda na Par ticipação nos Lucros e Resulta dos (PLR), redução da jornada de 44 para 40 horas semanais sem redução salarial, valoriza ção das aposentadorias e aumen to para o servidor público, entre outras medidas. “Toda essa pau ta está na geladeira”, diz Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, pre sidente da Força Sindical e depu tado federal (PDT-SP).

Para o assessor especial da Secretaria-geral da Presidência da República, José Lopez Feijoo, “o discurso das centrais faz parte de um processo de pressão, que eu entendo como legítimo, mas que não é a realidade”.

Os sindicalistas se queixam de não serem recebidos pela presi dente Dilma, numa situação in versa à do empresariado. Eles di zem que, quando há muitas recla mações, o governo se apressa em marcar reunião das centrais com o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, “que não apresenta propostas, só tenta acalmar os representan tes dos trabalhadores”.

“Ninguém quer mais reunião com quem não decide, só para ouvir que a crise está brava, en quanto o empresariado se reúne com a presidente e com o minis tro da Fazenda, Guido Mantega”, compara Paulinho.

Queixa

Desde a sua posse, no dia 13 de julho, a nova diretoria da CUT não foi recebida pela presidente da República. Na época, Freitas solicitou uma audiência com Dilma para apresentar a exe cutiva da CUT e reforçar a pauta da classe trabalhadora. Até hoje, ele não recebeu resposta oficial, só a promessa de que poderia ser recebido em fevereiro ou março do ano que vem.

O sindicalista disse que ficou muito surpreso quando, há pou co mais de uma semana, a Confe deração Nacional da Indústria (CNI) foi recebida por Dilma pa ra entregar um documento com 101 propostas de mudanças na legislação trabalhista, “em sua grande maioria desfavoráveis aos trabalhadores”. Dilma teria ficado muito interessada e pediu três exemplares do documento.

Embora divirja das posições da CNI, Freitas reconhece que a entidade tem o direito de fazer as reivindicações que achar ne cessário. Não admite, porém, que a representação formal do empresariado seja recebida e a dos trabalhadores, não.

“Queremos ter a possibilida de de apresentar também a nos sa pauta sobre temas parecidos, até porque temos um viés com pletamente diferente dos empre sários.”

Governo do patronato. Pauli nho, da Força Sindical, vai além e diz que “o governo hoje é do pa tronato, não tem nada mais a ver com o trabalhador”. Desde o iní cio da crise, em 2008, mais de 40 setores da economia foram beneficiados com medidas de estímu lo, como redução do IPI, desone ração de folha de pagamento e financiamento mais barato.

“Todo esse esforço, que teve um custo para o País, beneficiou indiretamente o trabalhador, mas beneficiou muito mais o em presariado, diretamente”, diz Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. “O Imposto de Renda na Participação nos Lucros e Re sultados (PLR) era o mínimo que a presidente poderia fazer, mas nem isso ela fez.”