Crise amplia disparidade do desemprego entre sexos
O Estado de S. Paulo
Levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado ontem, mostrou que o desemprego é maior entre as mulheres do que entre os homens e a disparidade se acentuou após a crise econômica mundial, deflagrada em 2008.
Chamado de Tendências Mundiais de Emprego das Mulheres 2012, o documento analisou as desigualdades de gênero em matéria de desemprego, emprego, participação da força de trabalho, vulnerabilidade e segregação setorial e profissional.
De 2002 a 2007, a taxa média de desemprego entre as mulheres foi de 5,8% e entre os homens, de 5,3%, diferença de 0,5 ponto porcentual. Em 2011, o desemprego entre as mulheres atingiu 6,4% enquanto entre os homens avançou 5,7% – diferença de 0,7 ponto porcentual.
De acordo com a OIT, não deve haver redução significativa nessa diferença até 2017. A organização informou que antes da crise econômica as diferenças entre homens e mulheres em termos de desemprego e da relação emprego/população tinham se atenuado. No entanto, a partir de 2008 houve reversão dessa tendência nas regiões mais afetadas. A crise acabou com 13 milhões de empregos para as mulheres, segundo a OIT.
De acordo com o relatório, vários fatores explicam a disparidade, como maior número de contratos temporários entre as mulheres, diferenças no nível educacional e segregação do mercado de trabalho – o indicador de segregação por setores econômicos mostrou que as mulheres estão mais limitadas em sua escolha de emprego em todos os setores. Outro fator por trás das altas taxas de desemprego entre as mulheres é que elas são mais propensas do que os homens a sair e voltar ao mercado de trabalho por questões familiares.
“Embora as mulheres contribuam para a economia e a produtividade em todo o mundo, continuam enfrentando muitos obstáculos que lhes impedem de realizar seu pleno potencial econômico. Isso não somente inibe as mulheres, mas também representa um freio ao rendimento econômico e ao crescimento”, disse a diretora executiva da Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres, a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, que contribuiu com o relatório.
O documento incentiva a ampliação das medidas de proteção social para reduzir a vulnerabilidade das mulheres, além de investimentos em capacitação e educação e políticas que favoreçam o acesso ao emprego.