Correios já têm plano de reação à greve

Valor Econômico

A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) deve iniciar ainda hoje uma greve da categoria em 13 Estados e três regiões de São Paulo. Os sindicatos começaram a deliberar sobre a paralisação por volta das 19h30 de ontem e, até o fechamento desta edição, ainda não tinham decidido se iniciariam a greve a partir da meia-noite ou se aceitariam a proposta de reajuste salarial de 5,2% oferecida pela direção dos Correios.

A estatal tem um plano de contingenciamento pronto para a possível deflagração do movimento. As medidas emergenciais envolvem a realocação de empregados das áreas administrativas, a contratação de trabalhadores temporários, a realização de horas extras e a realização de mutirões para triagem e entrega de cartas e encomendas nos fins de semana. A estatal, porém, não possui um balanço dos custos das ações porque “não é possível ainda calcular a extensão do movimento, que pode ter a adesão de 90 ou 900 pessoas em cada Estado”.

A direção da Fentect aconselhou as suas 31 bases a rejeitarem a proposta de reajuste, já que a alíquota de 5,2% proposta pela direção da empresa “apenas repõe a inflação entre agosto de 2011 e julho deste ano”. “Não é realmente um aumento”, alega a entidade.

A rejeição da oferta também foi aconselhada aos Sindicatos Unificados, instituição que surgiu do racha da Fentect e que reúne as entidades sindicais das cidades paulistas de São Paulo e Bauru (SP), além dos Estados do Tocantins e do Rio de Janeiro. Os quatro sindicatos deliberam hoje e, caso votem pelo início da greve, optarão pela próxima segunda-feira, 17 de setembro.

A estatal informou que as suas duas principais, as capitais paulista e fluminense, representam juntas 65% da carga diária dos Correios, que é de 36 milhões de cartas e encomendas por dia. Assim, mesmo que uma paralisação seja iniciada hoje, ela representará menos da metade da carga de trabalho da estatal.

A Fentect pede reajuste salarial de 43,7%, além da contratação de 30 mil funcionários e o fim da terceirização, entre outras demandas. A assessoria de imprensa dos Correios informou que somente os itens econômicos da pauta de reivindicação “gerariam acréscimo de até R$ 25 bilhões na folha de pagamento da empresa, que tem previsão de receita de R$ 15 bilhões para 2012”. Ainda segundo a assessoria, nos últimos nove anos, a maioria dos funcionários “teve até 138% de reajuste salarial, sendo 35% de aumento real”. O salário base da categoria era de era de R$ 395,94 em 2003, e saltou para R$ 942,75 em 2011.

Se a escolha dos funcionários for pela greve, esta será a segunda paralisação em um ano, já que a última durou 28 dias e começou em 14 de setembro do ano passado. Na ocasião, a contenda foi decidida pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), que definiu reajuste real de R$ 80 para os funcionários da empresa, reposição de 21 dias parados e corte de oito dias.

As deliberações sobre o movimento ocorreram ontem em Alagoas, Amazonas, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e Rio Grande do Sul. Além disso, os sindicatos paulistas de Campinas, São José do Rio Preto e do Vale do Paraíba também encaminharam a questão. As outras 15 entidades sindicais filiadas à Fentect deliberam hoje sobre o tema e podem deflagrar greve até o dia 25 de setembro.

Procuradas para esclarecer um possível impacto da greve nos Correios, as empresas de serviços expressos DHL e Fedex não comentaram.