Contac denuncia “Big Brother” nos frigoríficos

contacbrasil.org

Para driblar efeitos positivos da Norma Regulamentadora, empresas adotam “chicote eletrônico” contra trabalhadores da alimentação

Na tentativa de driblar os efeitos positivos da Norma Regulamentadora (NR) dos Frigoríficos para a saúde e segurança dos trabalhadores, algumas empresas vêm adotando a política do “chicote eletrônico”, colocando câmeras para vigiar as linhas de produção.

“Aprovada há poucos dias, a NR não foi sequer implementada e já temos denúncias de empresas querendo burlar seus avanços através de mecanismos imorais, como o uso de câmeras para controlar os trabalhadores”, afirmou Siderlei de Oliveira, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (Contac). Segundo Siderlei, o que está sendo implantado é um verdadeiro “big brother”, com os terminais ficando na casa dos chefes, que “passam a monitorar a todos, dia e noite, 24 horas”.

A primeira denúncia que chegou até a Contac foi contra a indústria de frango Nicoloni, a terceira maior produtora do Rio Grande do Sul, sediada nas cidades de Garibaldi e Nova Araçá.

De acordo com Geni de la Rosa Oliveira, presidente do Sindicato de Serafina Correa e Região, “é um completo absurdo o que as empresas avícolas estão fazendo”. “Isso mostra as razões da resistência que tiveram à aprovação da NR. São empresas modernas, mas que atuam de forma medieval em suas relações de trabalho com o uso do chicote eletrônico”, acrescentou Geni, que também é diretora da Contac.

Entre as conquistas estabelecidas pela NR estão a implantação de pausas de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados e alterações profundas na ergonomia dos locais de trabalho.

“Garantimos a pausa ao comprovar que o ritmo intenso das linhas de produção era o responsável pela epidemia de lesões e mutilações entre os trabalhadores do setor. É totalmente inaceitável que as empresas agora voltem a bater na mesma tecla e aumentar o ritmo”, denunciou Siderlei.

O presidente da Contac informou que para enfrentar estes e outros atropelos das empresas, a entidade está desenvolvendo um projeto de formação sindical para acompanhar a implantação da norma e sua fiscalização.

O Departamento de Saúde do Ministério do Trabalho também se comprometeu com a elaboração de 500 mil cartilhas sobre a Norma Regulamentadora dos Frigoríficos, que serão distribuídas junto à base a fim de esclarecer sobre os novos direitos.