Como a Troika ajuda os sindicatos que colaboram com o capitalismo?

Quim Boix – Membro do Conselho Presidencial da FSM

Nas fotos que acompanham esse texto, se podem ver as placas informativas penduradas dentro e fora das paredes da CNTS – Confederação Nacional dos Trabalhadores do Senegal – em sua sede, em Dacar, Senegal.

Estas placas indicam e lembram o dinheiro recebido para a existência, abertura e funcionamento deste local, pelas CCOO (Comissões Obreiras) da Espanha e sua Fundação Paz e Solidariedade com a ajuda do governo da Junta de Andaluzia (sul da Espanha) e outros organismos.

Na realidade, o dinheiro tem procedência da Troika (Fundo Monetário Internacional, União Européia e Banco Central Europeu), uma vez que são esses organismos que compõe os que contribuem com os capitais necessários com base em programas chamados “Programas de AOD (Ajuda Oficial para o Desenvolvimento)”, orientados pelo Ministério de Assuntos Exteriores ou pela Comununicad Autônoma (governo regional).

Conforme a história inicial das CCOO (que foi, por muitas décadas, um sindicato de classe solidário e internacionalista) pode parecer normal que ajude internacionalmente.

Mas, hoje não são as CCOO da Espanha que podem pagar as grandes quantidades de dinheiro que se destinam em todo o mundo para ajudar o sindicalismo de conciliação de classes.

As CCOO têm graves problemas econômicos devido à perda contínua de seus filiados (que discordam da sua forma de atuar desde quando abandonaram o sindicalismo de classe). As CCOO, há muito tempo, estão demitindo boa parte importante de seu pessoal assalariado (aplicando as leis do Partido Popular que recortaram drasticamente os direitos dos demitidos). Por isso, as CCOO não têm dinheiro próprio e sua “solidariedade” é a de mero transportador do dinheiro (ainda que por este trabalho se cobra uma parte do dinheiro dado pela Troika na forma de salários e viagens).

Diante desta realidade, os dirigentes das CCOO se deixam comprar por uma miséria. “Vendem” o prestígio internacional que as CCOO adquiriram na luta contra a ditadura fascista à troca de uma miséria de dinheiro. Para o capitalismo, é uma compra interessante, por muito pouco dinheiro, parece ser as CCOO quem presenteiam o local (assim explicam os dirigentes sindicais de cada país que recebe, já que não podem dizer que foi comprado pela Troika) e assim é mais aceitável pelas bases com consciência de classe do que a realidade de ser um “presente”

dos dirigentes do capitalismo.

As quantidades econômicas transportadas são enormes, a exemplo do caso de Dacar que não é o único. Poderíamos mostrar fotos semelhantes de muitos locais sindicais, inclusive na América Latina também.

Evidentemente que só se “ajuda” às organizações que tem um “comportamento” útil ao capitalismo. As instituições do capital jamais ajudam os que lutam para acabar com a exploração do homem pelo homem.

A FSM considera importante que a classe trabalhadora de todo o planeta conheça essa realidade.

Os capitalistas não vacilam em ajudar os seus amigos e colaboradores.