Capangas armados detidos por trabalhadores organizados em acampamento do MST
diarioliberdade.org
Capangas armados detidos por trabalhadores organizados em acampamento do MST foram presos pela polícia militar na madrugada do último domingo (6/10).
Várias das 1370 famílias do acampamento Wanderley Caixe, organizado pelo MST, na cidade de Caaporã – divisa da Paraíba com Pernambuco – foram ameaçadas durante a semana passada, fato que culminou com a entrada na tarde de sábado (05/10) de um veículo preto com três homens armados buscando as lideranças do movimento. Os trabalhadores e trabalhadoras rurais detiveram os capangas e decidiram que para segurança das famílias sem terra só os entregariam a Polícia Federal.
O dono da usina Maravilha Curandi, conhecido por Zé de Melo, foi quem contratou a “empresa de segurança” que presta serviço na região sem credenciamento. Essa empresa é de um dos capangas presos, Marxsuel Aurelio do Nascimento que é 3º Sargento da PM de PE e foi detido pelos trabalhadores rurais junto com mais dois soldados da PM de PE: Eliades Carvalho Santiago e Jeferson Paulo Barbosa.
Com a solidariedade de militantes dos Direitos Humanos, advogados e amigos e amigas do MST, além da presença de Frei Anastácio e de Cleófones Caju (Superintendente do Incra), foi negociada a prisão dos capangas pela Polícia Rodoviária Federal que a meia noite e vinte da madrugada de domingo chegou no acampamento e levou algemado os PMs capangas. Os procedimentos de abertura de inquérito e coleta de depoimentos serão feitos na manhã desse domingo.
“Foi com a organização do povo que garantimos as nossas vidas se não fosse nossa organização nesse momento poderíamos estar chorando sobre corpos de companheiros mortos assim como foi o Massacre de Felisburgo que tem 9 anos de impunidade em Minas Gerais” disse um dirigente do MST. A coordenação do acampamento afirmou que o Capanga Sargento Marxsuel é conhecido na região por pistolagem e que mesmo com as constantes ameaças seguirão na luta pela terra e pela Reforma Agrária Popular.
São 9.500 hectares improdutivos na região reivindicados para a desapropriação pelo MST. Desse total em 2.000 hectares já foram plantados Macaxeira, Feijão, Melancia e abóbora pelas famílias do acampamento Wanderley Caixe, que buscam através da agricultura camponesa a soberania alimentar e dignidade de vida.
A coordenação do acampamento também denuncia que, pelo histórico da pistolagem na região, se o Governo Federal e Estadual não tomarem providências urgentes seguiremos com a trágica história de assassinatos impunes de Trabalhadores Rurais Paraibanos como Antonio Galdino, Margarida Maria Alves, Anastácio Abreu de Lima, João Pedro Teixeira, Alfredo Nascimento, Antonio Ferreira da Silva e tantos outros.