Assembleias de carteiros

Correio Braziliense

Cerca de um ano após a última paralisação, os trabalhadores dos Correios ameaçam cruzar os braços novamente a partir de amanhã. Hoje, os 33 sindicatos que representam os funcionários da estatal devem realizar assembleias para votar a greve. Em Minas Gerais e no Pará, as atividades já foram suspensas na semana passada. Caso os funcionários optem pela paralisação, a Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect) já alertou que os serviços de entrega, atendimento e triagem — separação de cartas e descarregamento dos caminhões — ficarão prejudicados.

Os funcionários reivindicam reposição de pessoal por meio de concursos, melhorias nas condições de trabalho e aumento salarial. Eles exigem o índice de

43,7%, que seria necessário para repor, segundo a Fentect, as perdas salariais acumuladas desde o Plano Real, em 1994, mais a reposição da inflação desde agosto do ano passado — quando houve o último reajuste, de 6,87% — e ainda proporcionar aumento real de 5%. A estatal estima que o atendimento integral da pauta dos funcionários geraria um impacto de R$ 25 bilhões na folha de pagamento, que hoje é de R$ 8 bilhões.

O percentual reivindicado é bastante superior aos 5,2% oferecidos pelos Correios durante as reuniões de negociação, que ocorrem desde julho. O reajuste proposto elevaria o salário-base inicial de nível médio, hoje de R$ 942,45, para R$ 991,77, o que geraria um impacto de R$ 425 milhões em 2013. Se somado o adicional de atividade que os carteiros recebem, o vencimento subiria para R$ 1.289,30. Segundo a assessoria de imprensa da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), nos últimos nove anos os trabalhadores da estatal tiveram até 138% de reajuste salarial, dos quais 35% de aumento real. Hoje, a empresa conta com 120 mil trabalhadores.

Atrasos

Caso os funcionários optem pela greve a partir do dia 19, a ECT já divulgou que tem alternativas para abrandar os impactos e evitar transtornos como os registrados durante os 28 dias de paralisação dos trabalhadores dos Correios em 2011, quando várias pessoas foram prejudicadas por atraso nas correspondências. Segundo a empresa, se necessário, poderá haver realocação de empregados das áreas administrativas, contratação de trabalhadores temporários, realização de horas extras e mutirões para triagem e entrega de cartas e encomendas nos finais de semana.