Analistas esperam taxa estável de desemprego em setembro

Valor Econômico

Um mês sem sobressaltos no mercado de trabalho é o que estimam os economistas em suas projeções para a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) de setembro, que será divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A média das projeções de 11 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data aponta taxa de desemprego estável, em 5,3% no mês passado, mesmo percentual de agosto e abaixo dos 6% contabilizados em setembro de 2011. As estimativas variam de 5,1% a 5,4%.

Se confirmado, o resultado marcará a menor taxa de desemprego para o mês de setembro da série histórica, iniciada em 2002. Para Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg & Associados , o atual nível de desocupação está abaixo de sua estimativa para a taxa natural de desemprego, que é de 6,5%. Em tese, nos cálculos da economista, essa seria a taxa de desemprego que produziria efeito neutro sobre a inflação. Ainda assim, Thaís não vê com preocupação a influência do mercado de trabalho sobre os preços e diz que hoje o nível do desemprego é “confortável”.

Pelos seus cálculos, se descontadas as influências sazonais, a taxa de desemprego apresentará ligeiro aumento entre agosto e setembro, ao passar de 5,2% para 5,4%, de acordo com suas estimativas. Esse movimento, entretanto, não altera, na opinião de Thaís, o panorama para o mercado de trabalho. “Não existe uma tendência de aumento na taxa de desemprego. Esse avanço é reflexo do desaquecimento que se viu no passado na atividade econômica, já que o mercado de trabalho reage com defasagem”, afirma. Pelas suas contas, a taxa de desemprego dessazonalizada se manterá entre 5% e 5,5% até o fim do ano.

A indústria, afirma a economista, ainda pode demorar um pouco para tomar fôlego no que se refere às contratações. “Como os empresários evitaram demitir, prevendo um novo ciclo de aceleração da economia, ainda há mão de obra ociosa para ser aproveitada.”

Para Leandro Padulla, da MCM Consultores, é preciso aguardar o fim do período de redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de bens duráveis para se ter uma visão mais clara da saúde da indústria. O benefício fiscal para automóveis, que seria válido até 31 de outubro, será prorrogado até o fim do ano, anunciou ontem a presidente Dilma Rousseff. Para linha branca, a redução do IPI também vale até 31 de dezembro. “Não há perspectiva de redução de empregos nem na indústria, nem nos demais setores. Pode acontecer uma desaceleração nas admissões, mas não cortes”, diz Padulla.

O único segmento que, na opinião de Thaís, da Rosenberg, pode apresentar algum enfraquecimento é o de construção civil, devido ao menor número de lançamentos no mercado imobiliário.

Até o fim do ano, Padulla estima que a taxa de desemprego vai seguir em desaceleração, chegando a dezembro em 4,8%. A projeção se baseia tanto na expectativa de maior criação de vagas, com a proximidade do Natal e do Ano Novo, quanto na de menor crescimento da População Economicamente Ativa (PEA).

A desaceleração no aumento da PEA, afirma Robson Pereira, do Bradesco, é o principal fator para que o desemprego no Brasil se mantenha nas mínimas históricas. Com menos pessoas em busca de trabalho, Pereira calcula que a taxa média de desocupação em 2012 será de 5,6%, percentual semelhante à média das projeções de dez economistas consultados pelo Valor Data e abaixo da mínima histórica de 6% registrada em 2011.

Mesmo com a economia ganhando ritmo, Padulla, da MCM, entende que será difícil observar, em 2013, quedas significativas no desemprego. “A tendência é de estabilidade na taxa de desemprego. Não há como esperar uma aceleração nas contratações porque não se tem mais mão de obra disponíveis no mercado.”