Aeronautas em estado de greve

Correio Braziliense

No dia em que a situação da aviação brasileira foi discutida na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados, os aeronautas decidiram aprovar o estado de greve, iniciado à 0h de hoje. Os profissionais pedem aumento real de salários e melhores condições de trabalho, que ficaram piores nas últimas semanas por causa das demissões em massa com o fim da Webjet. Além disso, os trabalhadores prometem indicativo de greve para o dia 13.

“Na avaliação dos aeronautas, mesmo que a greve seja revertida, há grande chance de o transporte aéreo brasileiro passar por um novo caos este ano, devido à troca constante das escalas de voo, à falta de tripulantes e à sobrecarga de trabalho”, disse o sindicato da categoria em nota. Está marcada para hoje, às 11h, nova rodada de negociações dos profissionais com as empresas.

Na Câmara dos Deputados, a reunião entre representantes de companhias aéreas, do governo e de órgãos de defesa do consumidor também deixou um clima de preocupação no ar. Os altos preços das passagens e as dificuldades para remarcar os voos da extinta Webjet não são os únicos problemas enfrentados pelos consumidores que escolhem viajar de avião. O coordenador do Departamento de Proteção do Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça, Danilo Doneda, disse que o setor peca na hora de dar informações aos passageiros.

Entre as principais dificuldades, lista Doneda, estão a venda casada de seguros de viagem e a veiculação de publicidade, pelas companhias, apenas com o valor das parcelas, e não com o preço total da tarifa. Sem contar as questões relativas à falta de regulamentação e de clareza na cobrança de taxas de cancelamento e de remarcação e o não cumprimento do direito de arrependimento do cliente, em até sete dias, no caso de compras feitas pela internet, o que fere o Código de Defesa do Consumidor.

Webjet

As empresas também tiveram voz na audiência. O assessor da presidência da Gol Linhas Aéreas, Alberto Fajerman, voltou a falar que a companhia está avaliando a possibilidade de dar algum tipo de benefício aos 850 funcionários dispensados com o fechamento da Webjet. Ele não disse, porém, que tipo de auxílio concederá e reafirmou que não há possibilidade de reverter as demissões. “Ninguém gosta de demitir, mas tínhamos alguns funcionários sobrando e tivemos que fazê-lo. Com condições de crescimento melhores, teremos mais aviões e, aí sim, poderemos readmitir esses trabalhadores”, afirmou. Uma reunião entre o governo e a Gol está agendada para amanhã. Em pauta, propostas da companhia aérea para o caso.