A Greve da Unifesp, luta e resistência contra a política de educação do Banco mundial
A Greve da Unifesp
O PCB foi parte integrante, ativa e construtora do processo de greve da Unifesp em 2010 e sente-se obrigado a fazer breves considerações avaliativas sobre o processo de lutas que aconteceu de maneira combativa e vitoriosa.
Em primeiro lugar, é necessário que se deixe bem claro a posição convicta da gestão “em luta!” do DCE-Unifesp, que o PCB apoia e participa, de que não se conquista nada pela via institucional e não se luta através da burocracia. Em contrapartida, acreditamos no materialismo, na contradição, na praxis e no poder popular, portanto, defendemos a mobilização estudantil e sua unidade programática com o movimento popular, social e sua solidariedade ativa com a classe trabalhadora.
A representatividade do Consu segue a divisão injusta de 70% para professores e 30% divididos entre estudantes e trabalhadores, a democracia interna é inexistente e as medidas privatizantes, excludentes e precarizadoras do Reuni do governo federal mostram que é claro que não há condições de atingir conquistas materiais para a comunidade acadêmica por essa via, afinal, as condições de enfrentamento são insuportáveis. A partir daí, vemos como essa proposta, defendida em muitos momentos por militantes do PSDB envolvidos na dissolução do processo de lutas, está sustentada numa falácia e só serve aos interesses da reitoria e do governo, logo, interessa à burguesia.
É nesse sentido, que defendemos a forma de luta adotada em Guarulhos e Santos, a greve conseguiu avanços políticos jamais conquistados antes, pressionou a reitoria com legitimidade e em condições de igualdade, deu um salto qualitativo no que se refere a problemas organizacionais do movimento e trouxe maior amplitude às visões políticas dos estudantes em luta, além de conquistar avanços no que se refere à instâncias de debate e negociação com a burocracia.
A greve em Santos teve unidade estudantil, apoio docente e assim teve maiores conquistas, no entanto, não tudo que se almejava, mesmo assim, o movimento avançou e deliberou tranquilamente a volta às aulas depois de um processo de lutas importantíssimo. O DCE, por questões físicas e materiais não conseguiu, embora fosse o seu desejo, acompanhar mais de perto as contradições internas do movimento em Santos, contribuindo para resolvê-las e para avançar nas conquistas. No entanto, temos a certeza de que a colaboração mútua entre o ME organizado em Santos e o DCE é imprescindível, já existe e terá vida longa.
A greve em Guarulhos também negociou com o reitor no Campus Guarulhos – demonstração do avanço organizacional e de legitimidade do movimento – e numa reunião de 5 horas conquistou pouca coisa materialmente, mas saltou qualitativamente em vários aspectos. É necessário, entretanto, que se aponte alguns problemas surgidos.
Primeiramente, considere-se que após a deliberação da paralisação, formou-se um comando de greve, como fórum articulador das ações e deliberações do movimento grevista em Guarulhos, o que caracteriza maturidade política e organizacional, a partir daí diversas ações internas, como palestras e aulas públicas ministradas dentro da universidade paralisada, e externas, como os atos em frente à reitoria e a organização do Ato das universidades em luta, que agregou estudantes da PUC, Unicamp, USP, Unifesp, Fundação Santo André e Mackenzie, foram organizadas e empreendidas com sucessso, pressionando a burocracia e demonstrando força do movimento estudantil. Organizações de esquerda também ajudaram a construir o movimento, entre eles o PCB, PCO, MNN, MEPR, PCR e outros.
O PCB considera que o centro acadêmico de história teve importante papel na construção da greve e compartilha de diversas opiniões e alinhamento político dessa entidade, por isso os chama de companheiros, no entanto, discorda firmemente da posição adotada por eles nas duas últimas assembleias ocorridos no período da paralisação, a de finalizar a paralisação se convocar uma segunda rodada de negociações com a reitoria, a nosso ver, isso apenas fortaleceu a reação interna. Ao invés de contribuir para sanar a contradição conciliável que surgiu frente ao comando de greve, permitiu que sua proposta, lançada pelo próprio CAHIS, fosse deliberada e assim, a greve fosse finalizada.
Consideramos que esse processo de lutas teve inestimável valor para a experiência, criatividade, organização, política e ideologia dos estudantes. Esse processo de lutas mostrou que a análise concreta da realidade concreta faz com que percebamos a existência de contradições, que podem se dividir em antagônicas e conciliáveis e que o manejo com cada uma delas deve ser diferenciado; mostrou que os desmando da reitoria não serão tolerados passivamente e que os estudantes armados de ideologia e organização podem atingir seus objetivos e conquistar aquilo que almejam, não aceitando a castração ditatorial da reitoria e, assim, dando o exemplo à classe trabalhadora, mostrando esta que a conquista do socialismo está intrínseca à luta pela universidade popular.
A perspectiva do movimento estudantil na Unifesp agora é a construção do II Forum Estudantil da Unifesp, única ferramenta capaz de unificar um programa e formas de ação e luta para os estudantes, o que impedirá que a inércia e a passividade do movimento estudantil em 2009 se repitam; A construção da calourada também é importantíssima para agregar novos estudantes às lutas e mobilizações e o congresso do DCE que irá revitalizar a organização do movimento estudantil.
A nossa palavra de ordem agora é unidade programática já !