A DESÍDIA SINDICAL E A PANDEMIA.

Nada de novo no front, há um ano, este é o cenário que estamos enfrentado a cada nova lida de jornais, a cada acompanhamento dos noticiários e redes socais. De novo e de novo os recordes de óbitos e letalidade da pandemia só aumentam; ainda mais agora com as novas cepas do vírus denominada de COVID-19 P.1 – made in brazil – um oferecimento Governo Federal – PÁTRIA AMADA.
Tal produto nacional tem impactos além das fronteiras Municipais e Estaduais, mas agora Federais na medida em que coloca em risco até nossos vizinhos latino-americanos pois “ela tem mutações específicas que dão ao vírus vantagens, particularmente na transmissão. Não há dúvida de que ela adicionou à complexidade da situação que o Brasil vive”, disse o diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde, Mike Ryan, da OMS.[1]

A cada mês, semana ou dia surgem mais e mais técnicos, especialistas e cientistas na área da saúde nos alertando sobre os cenários de caos e mortandade da COVI-19, mas praticamente são trados como verdadeiros Nostradamus, dos séculos XXI. Figuras míticas que realizam previsões acerca de um Armagedom, só que agora não tão distantes. “Nós vamos entrar numa situação de guerra explícita. Nós podemos ter a maior catástrofe humanitária do século XXI em nossas mãos. A possibilidade de cruzar 2.000 óbitos diários nos próximos dias é absolutamente real. A possibilidade de cruzarmos 3.000 mortes diárias nas próximas semanas passou a ser real. Se você tiver 2.000 óbitos por dia em 90 dias, ou 3.000 óbitos por 90 dias, estamos falando de 180.000 a 270.000 pessoas mortas em três meses. Nós dobraríamos o número de óbitos” afirmou o médico, Miguel Nicolelis, neurocientista e professor catedrático da universidade Duke (EUA). [2]

Apontamos como um cenário não tão distante na medida em que a cada mês consecutivo batemos o aumento da taxa de óbitos dos meses anteriores; em Fevereiro, de 2021, o Brasil teve a 2º maior taxa de óbitos desde o inicio da pandemia: 30.484 mortes em um único mês. A níveis Estaduais “três estados tiveram recordes de mortes: Minas Gerais e Rondônia, pelo segundo mês consecutivo, e Roraima, que ultrapassou os registros de mortes vistos em julho. O colapso no sistema de saúde, antes restrito ao Amazonas, agora atinge várias partes do país”, aponta o portal G1. [3] Obviamente o Estado de São Paulo não poderia ficar por menos: “no total, o estado tem ao menos 18.785 pacientes hospitalizados com a doença, sendo 10.493 pessoas estão em enfermarias e outras 8.292 em UTIs. A taxa média de ocupação das UTIs chegou a 79,5% no estado, superando os recorde de maio de 2020, durante a 1ª onda da doença.” [4], chegando ao total de óbitos por covid-19 de 61.417 desde o início da pandemia. “Temos elevação do número de ocupações, mas guardem essa informação: a cada dois minutos, três pacientes no estado são internados na UTI ou enfermaria.”, afirmou o secretário, Jean Gorinchteyn, da Saúde de São Paulo [5]. O que se evidencio até agora fora um cenário onde os especialista e cientistas, na linha de frente ao combate da pandemia, são a ponta de lança DA GUERRA ao COVI-19.

E nós, operadoras e operadores, do telemarketing onde estamos situados nesses cenários e teatros de operações? Bom, deixaremos aqui o relato das reais condições do ambiente de telemarketing, de um operador da empresa Flex – Relacionamento Inteligente, que em março de 2020 já explicitava o obvio: “‘A empresa faz descaso sobre as orientações do Ministério da Saúde e ainda nos ameaça com demissão por justa causa em caso de falta. Todos estamos vulneráveis, na empresa falta álcool, não há medida de higiene emergencial, e estamos aglomerados em um ambiente pequeno’, contou um funcionário, que preferiu não se identificar”. [6]

Em uma carta redigida pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações, e endossada pelos sindicatos, um elemento salta aos olhos: “Diante destas atividades essenciais para o atendimento das necessidades imediatas de conexão de toda população, eles [,trabalhadores da telecomunicações,] exercem suas atividades nas ruas e nas casas dos assinantes, nas empresas em geral, e estão expostos aos riscos da transmissão do corona vírus, sendo que já temos noticia de cerca de 33% destes profissionais já contaminados, ocasionando sobrecarga aos demais e demora no tempo de atendimento de falhas.” [7]. Como iniciamos este postagem: nada de novo no front. Enquanto o patronato surfa e viajam na sua remotopia e ilhas paradisíacas do Home Office o cenário imposto aos trabalhadores e trabalhadoras do Call Center e telecomunicações é a morte por contagio de COVID-19 no ambiente de trabalho e, a maior preocupação das entidades são a sobrecarga e demora no tempo de atendimento, ou seja rendimento e rentabilidade não a saúde e melhoria da vida das trabalhadoras e trabalhadores de Call Center e telecomunicações.

Nada fora feito na pratica contra as imposições e descaso com a vida dos trabalhadores e trabalhadoras das Centrais de atendimento e telecomunicações. Em um movimento demagógico e corporativista a única coisa que obtivemos fora um pedido, pedante e oportunista, por parte da Federação, Sintetel e Sintratel para a inclusão da categoria como prioritária no plano de vacinação.

Onde estão estas entidades que não cobram das empresas e do patronato IPS como mascaras N95? Onde estão às entidades que não comparecem nas ações da categoria reivindicando melhorias nos ambientes de trabalho? Como maior ventilação e espaçamento nos layout de atendimentos que invariavelmente são ambientes sem janelas ou circulação de ar para além dos ares-condicionados! Que se quer fazem, ou deixam a CIPA atuar de forma pratica no ambiente de trabalho? Onde estão às entidades quando solicitamos os Bancos de Horas-BH e os gestores, nome moderno para capataz, negam tal usufruto de nosso tempo livre remunerado, respaldado por Lei?

Enquanto ficamos sem resposta e as taxas de mortandade só aumentam, surgem no teatro das operações outras personas: os inovadores e os disruptores, os arquitetos da destruição criativa na economia. Qual é teatro de operações dessas personas? Uma pandemia que jogou milhões de pessoas para a pobreza, fez o desemprego aumentar a níveis alarmantes, inscreveu novamente o Brasil no mapa da fome. Em contra-partida o aumento “bilionários da tecnologia e da saúde multiplicou-se por quatro – de USD 321,3 bilhões para US$ 1,3 trilhão para tecnologia e de USD 120,8 bilhões a USD 482,9 bilhões para a saúde.’ [8] são a mais nova novidade na praça.

Coletivo Rebeliões de Avaya

[1] https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/03/4910400-covid-19-oms-diz-que-situacao-no-brasil-e-ameaca-a-america-latina-e-ao-mundo.html?fbclid=IwAR2W6WEFcG5-VGh0FVTlWgbA6wOrBNOj_2SJKP5ijVO7GmR1w9d3b-kJMps

[2] https://brasil.elpais.com/brasil/2021-03-04/miguel-nicolelis-brasil-pode-cruzar-a-marca-de-3000-obitos-diarios-por-covid-19-nas-proximas-semanas.html?fbclid=IwAR24Xm-dHiqUaOMbXWZo0jrQo6MlK9we9htVNy8bbgf5H5O21k6Um2S2_yc

[3] https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2021/03/01/brasil-tem-30484-mortes-por-covid-19-em-fevereiro-2o-maior-numero-em-toda-a-pandemia.ghtml

[4] https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/03/06/estado-de-sao-paulo-bate-novo-recorde-de-internados-por-covid-19-e-de-ocupacao-de-leitos-de-uti-neste-sabado.ghtml

[5] https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2021/03/05/a-cada-2-minutos-3-pessoas-sao-internadas-com-covid-em-sp-diz-secretario.htm

[6] https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/03/20/coronavirus-operadores-de-telemarketing-reclamam-de-condicoes-de-trabalho-em-sp.ghtml

[7] http://www.sintetel.org/site/uploads/224/Documents/arquivo.pdf

[8] https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2020/10/07/pandemia-fez-bilionarios-ficarem-ainda-mais-ricos-no-brasil-e-no-mundo.htm?fbclid=IwAR0Pn5OUfMC2v6-tyHf8lFDmwV5iNPV5vz6SNQ43V4FiyxOpaqgerK2bPiQ