A Cidade Vermelha

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Oneider Vargas (*)

A cidade de Sant’Ana do Livramento, situada na fronteira entre Brasil e Uruguai, já chegou a ser no passado chamada de “Cidade Vermelha”. Tendo sido em 1918 a segunda base no Brasil da Liga dos Comunistas, que iria dar origem ao partido Comunista Brasileiro em 1922. Com uma sólida classe operária, nos anos 50 os comunistas do PCB foram vítimas de uma sangrenta chacina, com 4 mortos e dezenas de feridos em plena Praça Internacional, tendo como algoz os representantes do imperialismo estadunidense de Truman e Dutra.

Nos dias atuais, Sant’Ana do Livramento está

revivendo seu passado de intensas lutas e mobilizações. O

movimento sindical e estudantil tomou para si as bandeiras políticas do conjunto dos explorados e foi à luta. Reunidos em diferentes frentes: municipários, comerciários, trabalhadores da construção civil e movimento estudantil universitário, estão realizando uma série de jornadas de luta

que tem como bandeiras principais um firme posicionamento contra

a privatizações da água e dos demais serviços urbanos, e contra a retirada dos camelôs das praças pelo poder público.

Dentro deste clima de mobilização popular, professores estaduais e municipais preparam a deflagração de uma greve e para tanto promovem manifestações de centenas e até de milhares de trabalhadores que ocupam as ruas e a Praça Internacional, que de triste memória no passado passa a ser palco de um rico presente de lutas. Em plena visita do deputado Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, responsável pela assinatura de convênios para as obras do PAC em Sant’Ana do Livramento, foi deflagrada a greve dos municipários. Os estudantes da UNIPAMPA, cujos servidores até pouco encontravam-se em greve já marcaram manifestações para o dia 14 do corrente mês.

As forças conservadoras do município não esperavam tamanha resposta de resistência e organização dos trabalhadores santanenses. É importante lembrar que a cidade até poucos anos era considerada Área de Segurança Nacional, local onde a repressão atua como contencioso em uma

comunidade em que inexiste qualquer separação com o vizinho país, o Uruguai.

A Unidade Classista é parte responsável pela construção deste movimento, pois atua em unidade com outras forças de esquerda, principalmente junto aos assentamentos e acampamentos do MST, que certamente se farão presentes nestas jornadas de lutas.

Os militantes Comunistas, que constroem a Intersindical, estão empenhados na máxima unidade de ação, tendo em vista o acúmulo de forças e de consciência que certamente resultará na formação de um Conselho Popular, capaz de ser um instrumento do Poder Popular.

(*) Oneider Vargas – do Comitê Central e Regional do RS do PCB