Em Fortaleza (CE), o 8 de Março deste ano foi marcado pelas lutas das mulheres trabalhadoras. O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) ocupou o Palácio do Governo desde as 6 da manhã, sob forterepressão da polícia, que presenteou as mulheres com agressões físicas, spray de pimenta e xingamentos machistas. Às 10 horas, as mulheres da Unidade Classista chegaram, construindo uma manifestação com solidariedade de classe entre trabalhadoras do campo e da cidade.

Através da pauta de soberania alimentar, o MST reivindicou o fim da isenção fiscal para agrotóxicos e a aprovação imediata do projeto de lei 18/2015, que determina o fim da pulverização aérea de agrotóxicos no Ceará,além de um mercado com alimentos orgânicos produzidos pelos assentamentos.O movimento também reivindicou medidas que atendem à saúde, crédito, habitação e educação no campo.

A partir da luta por moradia no Conjunto Cidade Jardim, conquista da ocupação realizada no local em 2010, a Unidade Classista reivindicou melhorias da infraestrutura do local, através da implementação de restaurante e lavanderia popular, que buscam reduzir a tripla jornada de trabalho da mulher trabalhadora; a criação de uma linha de ônibus que permita o acesso dos moradores ao terminal da Parangaba, a construção de creches e escolas de ensino fundamental e médio com tempo integral.

Em audiência de negociação das pautas com o governador Camilo Santana (PT), a vice-governadora Izolda e secretários das pastas afins, os representantes dos movimentos presentes repudiaram a isenção dos agrotóxicos

e defenderam políticas de alimentação saudável. Quanto às demandas da Unidade Classista, o governador mostrou-se favorável às pautas e marcou reunião para encaminhar concretamente as propostas.

Para Mônica Lima, da coordenação estadual da Unidade Classista, esses são apenas os primeiros passos, pois ela afirma que “as mulheres apenas organizando-se na luta conseguirão as conquistas”. Lourdes Vicente, da coordenação estadual do MST, avaliou o ato de forma muito positiva, pois mostrou que o 8 de março é um dia de luta, não apenas de homenagem às mulheres. “As mulheres são as mais afetadas quando não há garantias de boa qualidade de vida”, complementou Lourdes.

Durante o ato, houve muitas iniciativas de solidariedade entre os movimentos para construir a manifestação classista. Da alimentação às palavras de ordem, MST e Unidade Classista mostraram, na prática, que só organizados venceremos.

Tá na Unidade, tá na luta!