Unidade Classista RS

UNIR A CATEGORIA PARA UNIFICAR A CLASSE: DESFILIAR O CPERS DA CUT

Os sucessivos governos estaduais têm ampliado a política de desvalorização dos trabalhadores da educação, priorizando os interesses da burguesia, como o agronegócio e os empresários. Tanto o governo Tarso (PT) quanto o governo Sartori (PMDB), além de não cumprirem com o pagamento do piso salarial ao magistério e da situação de sucateamento das escolas, promovem um desmonte do ensino médio visando atender aos mais rasteiros interesses do mercado. Estes governos seguem em consonância com a política do governo federal petista, que atende primeiramente os interesses da burguesia em detrimento de investimentos em áreas como saúde e educação pública, investem menos de 4% do PIB na educação pública, enquanto direcionam quase 50% do PIB aos banqueiros (juros e amortizações da dívida pública).

Dessa forma, percebe-se a adequação dos governos estaduais à lógica do mercado, uma vez que direcionam tratamento privilegiado ao capital, acentuando a contradição capital x trabalho, quando desvalorizam acentuadamente a classe trabalhadora, como o magistério estadual. Em vista disso, a luta de massas é a principal forma de denunciar essa política dos sucessivos governos no RS, não se resumindo somente a uma luta por melhores condições de trabalho e valorização, mas a uma luta contra o modelo capitalista de sociedade.

Uma vez que o país está integrado ao capitalismo internacional e sofre impactos da crise sistêmica dos últimos anos, o governo Dilma vem tomando em contrapartida uma série de medidas a favor dos empresários e ataque aos direitos dos trabalhadores (tais como a MP 664/2015 e MP 665/2015). Não se repara que cerca de 50% da população trabalha em empregos precários, não têm acesso à educação pública de qualidade, tampouco à saúde e à seguridade social, e vive em áreas sem saneamento básico. Também em nada foi alterada a orientação neoliberal da economia (introduzida por Collor nos anos 90 e aprofundada por FHC), continuando a tendência de privatização de serviços públicos, de portos, aeroportos, rodovias etc. Acrescentem-se os ataques aos direitos dos trabalhadores, como na proposta do ACE (Acordo Coletivo Especial), que ameaça direitos como o 13º salário, férias, aumentos salariais, além de atenuar a ação sindical.

A atual crise mundial do capital, que vem se desenhando desde os anos 90, tem caráter sistêmico e estrutural. Já há uma forte recessão na economia mundial, que pode arrastar-se por muitos anos, já tendo produzido efeitos devastadores em diversos países imperialistas. Esta crise mostra claramente a fragilidade e a decadência do sistema capitalista, pondo por terra seus pressupostos econômicos e ideológicos. A crise enfrentada pelas organizações do mundo do trabalho nas últimas décadas é uma crise de subjetividade combinada com uma crise de direção política. A perda das referências de classe, sucumbidas sob os escombros do socialismo realmente existente no leste europeu, atingiu de cima a baixo a classe trabalhadora, levando um número significativo de dirigentes políticos e de massas a preconizar a inserção no “jogo democrático” burguês como a única alternativa de solução dos problemas da classe. Muitos desses dirigentes se tornaram políticos de carreira, abandonando suas bases à própria sorte ou manietando-as as suas estratégias pessoais ou partidárias.

O resultado foi o esvaziamento dos sindicatos, o distanciamento das direções de suas bases e a conseqüente burocratização. No Brasil, a CUT foi forjada com o compromisso de construir o projeto de um novo sindicalismo: classista, democrático, combativo, independente do Estado, dos partidos e dos patrões; por um movimento sindical unitário, abrangente, solidário, internacionalista e de luta pelo socialismo. A partir da filiação da CUT à CIOSL – Confederação Internacional das Organizações Sindicais Livres (central sindical ligada à social-democracia européia) até nossos dias, a CUT distanciou-se completamente dos princípios que nortearam sua fundação. Hoje é elitista, conciliadora, burocrática, antidemocrática, submissa às verbas e à ideologia da CIOSL. Acabou-se a ilusão. A CUT hoje é mais um braço dos governos neoliberais, que tenta manobrar a luta dos trabalhadores para melhor servir aos interesses do grande capital internacional.

É preciso reafirmar, no entanto, que o fato de defendermos a desfiliação do CPERS da CUT, não significa que sejamos pelo retorno ao isolamento sindical corporativista. Pelo contrário, defendemos veementemente a unificação das organizações sindicais classistas como instrumento de enfrentamento ao capital e em defesa dos direitos da classe. Todavia, entendemos que esta reorganização deve ser resultado da unidade real nas lutas concretas da classe e não fruto da vontade e de acordos de ocasião de dirigentes e vanguardas político-partidárias. Não pode ser motivada pelas benesses financeiras advindas do Estado burguês via imposto sindical.

Reafirmamos que, embora tenhamos divergências de método e organização, tanto com a CSP-Conlutas como as Intersindicais, isso não nos impedirá de seguir construindo a unidade na luta concreta da classe trabalhadora. Mas a unidade não se constrói por vontade política, por intenções em discursos e muito menos com práticas oportunistas, como a que infelizmente encontramos na construção de Centrais Sindicais para seus partidos e/ou correntes políticas. Não será o uso da palavra unidade que consolidará, em importantes setores da classe trabalhadora, a visão classista e que trará os trabalhadores para o enfrentamento ao capital.

A unidade classista frente a essa conjuntura conclama os trabalhadores em educação a aprovarem a desfiliação do Cpers da CUT.

UNIDADE CLASSISTA

PELA REORGANIZAÇÃO DO MOVIMENTO SINDICAL

PARA UNIFICAR A CLASSE