NOTA DA UNIDADE CLASSISTA A RESPEITO DO FECHAMENTO DA FÁBRICA DA TROLLER NO CEARÁ

Nesta segunda-feira (11/01), a fábrica da Troller encerrou suas atividades no município de Horizonte, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Tal medida é consequência do encerramento das operações do grupo Ford (proprietário da Troller) no Brasil. Só no Ceará, o fechamento da Troller deixará cerca 470 pessoas desempregadas, enquanto que, em todo o Brasil, a saída do grupo Ford encerra cerca de 6.171 postos de trabalho, deixando milhares de trabalhadores brasileiros desempregados, acentuando ainda mais a sangria da classe trabalhadora brasileira que agoniza, simultaneamente, na fila do desemprego e na fila dos hospitais. Contudo, o grupo Ford não é o único a fechar suas portas. No mês passado, a Mercedes-Benz também partiu de malas prontas. Mas tal situação vem ocorrendo não apenas de hoje. Somente entre os anos de 2013 e 2017, a indústria brasileira fechou aproximadamente 1,3 milhão de postos de trabalho, diminuindo em quase 15% o seu efetivo. Mesmo nos governos petistas, o parque industrial brasileiro registrava um decréscimo progressivo de ano a ano.

Ao menor sinal de naufrágio, os ratos são os primeiros a abandonar o navio! Diante da crise do Capital que, para além de uma crise econômica e política, agora assume a forma de uma crise sanitária, a classe empresarial recolhe suas malas com seus cofres debaixo dos braços, deixando para trás um rastro de miséria e de prejuízos. O acordo entre as elites empresariais e o Estado brasileiro, estabelecido a partir da Ditadura civil-militar (1964-1985) sempre consistiu no oferecimento de bilhões em isenções fiscais para o estabelecimento das grandes indústrias, principalmente as transnacionais. Só no Ceará, pagam-se milhões e milhões em programas de incentivos fiscais que exoneram essas grandes empresas de pagamento de tributos, pagamentos estes que poderiam ser convertidos em melhoria para os serviços públicos como educação, saúde e moradia. No caso da Ford, o preço que o Estado brasileiro teve que pagar, só nos últimos anos, para manter as indústrias deste grupo no Brasil, custou em torno de 20 bilhões de reais de isenção fiscal aos cofres públicos. E qual a contrapartida? Nenhuma! Nem a Ford, nem a Mercedes-Benz nem qualquer outro grupo empresarial que hoje se mantém sugando, com uma de suas presas, o sangue dos trabalhadores brasileiros e, com a outra, o dinheiro público com o qual estes mesmos trabalhadores pagam seus impostos, na esperança de ter, a seu dispor, serviços públicos de qualidade – como a saúde! – tem a obrigação de manter qualquer contrapartida diante das benesses que lhe são oferecidas.

O que a luta histórica dos trabalhadores brasileiros sempre demonstrou, desde a greve geral de 1917, passando pelas greves que deram origem à CLT na década de 30; os enfrentamentos do movimento operário nas décadas de 50 e de 60 até as greves da região do ABC paulista no início da década de 80, é que a melhoria das condições de vida dos trabalhadores não partiu do Estado, mas da capacidade de luta e de organização da própria classe trabalhadora.

A Coordenação Estadual da Unidade Classista vem à público não apenas para repudiar a ação da Troller e do grupo Ford, bem como manifestar toda a sua incondicional solidariedade aos 470 trabalhadores da Troller em Horizonte que foram diretamente prejudicados, não apenas pela atitude parasitária do Capital, como pela leniência e passividade do Estado. Se os patrões fogem, nada mais justo que a classe trabalhadora ocupe as fábricas e transformem em cooperativas controladas pelos próprios trabalhadores!

SE A CLASSE OPERÁRIA TUDO PRODUZ, A ELA TUDO PERTENCE!
GREVE GERAL PARA COMBATER O CAPITAL!
LUTAR, CRIAR PODER POPULAR!!!!